A reforma curricular do ensino está em foco, e as discussões em torno dos resultados que ela trará acontecem por toda parte. Mesmo com a certeza de que é preciso mudar a educação brasileira, temos hoje uma polêmica generalizada, que abrange os altos escalões do pensamento nacional e envolve o país inteiro.
Então, neste post, revelamos pontos cruciais dessa polêmica. Acompanhe e descubra quais são eles!
O que colocou o ensino médio em xeque
Desinteresse e insatisfação
São muitas as razões para o ensino médio estar em evidência. Alta taxa de evasão escolar é uma delas: 16% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora da escola.
Para se ter uma ideia, segundo a pesquisa Nossa Escola em (Re) Construção, realizada pelo portal educacional Porvir, somente 1 em cada 10 alunos do ensino médio está satisfeito com a escola. Ou seja: apenas 10% do universo pesquisado.
Ideb
O índice de Desenvolvimento da Educação Básica-Ideb, que mede a qualidade da educação no Brasil, é mais um dos responsáveis por colocar o ensino médio em evidência.
Seus números são divulgados de dois em dois anos, e foram alarmantes em 2016: a rede pública totalizou 3,5 pontos. Bem abaixo da meta estipulada pelo Ministério da Educação (MEC), que é de 4,3 pontos.
As escolas particulares têm outra meta: 6,3. Ficaram abaixo dela, com 5,3 pontos. Ou seja: a rede privada de ensino também contribuiu para colocar o atual modelo do ensino médio em questão.
Vale destacar que essas pontuações são obtidas a partir da avaliação dos alunos em Português e Matemática, e considera ainda números relacionados à reprovação e evasão escolar.
Objetivos da reforma curricular
O conjunto de medidas que, se aprovado, vai alterar o modelo do ensino médio, tem como objetivos principais tornar o currículo mais atraente e aumentar a qualidade da educação.
As propostas para atingir tais resultados são apresentadas a seguir, com os prós e contras de cada uma:
Aumento da carga horária
As 800 horas/aula, obrigatórias atualmente pela LDB, Lei de Diretrizes e Bases, serão ampliadas progressivamente, até um total de 1.400 horas.
Prós: O aluno passa mais tempo na escola, em um ambiente propício à sua formação. Assim, espera-se que seu rendimento escolar aumente, e ele adquira novas oportunidades educativas no contraturno escolar.
Contras: Ensino integral exige gastos maiores e um excelente projeto pedagógico, para efetivar um aumento de qualidade educacional. Por esses motivos, há dúvidas de que o modelo seja implantado com igual sucesso em toda a rede.
Redução do número de disciplinas obrigatórias
O ensino médio é agora composto por 13 matérias obrigatórias, das quais somente Português e Matemática permanecerão compulsórias durante todo o curso, se a reforma for aprovada.
As demais disciplinas que comporão o currículo obrigatório serão definidas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Sabe-se, por ora, que elas farão parte de cinco grandes áreas de concentração:
- Linguagens
- Matemática
- Ciências da natureza
- Ciências humanas
- Formação técnica e profissional
Prós: Os alunos poderão escolher as áreas com as quais mais se identificam, e nelas aprofundar conhecimentos. Os defensores da reforma curricular de ensino veem nessa medida a solução para engajar os estudantes, pois a flexibilização do currículo tende a torná-lo mais atrativo.
Contras: Ainda não está esclarecido como serão ofertadas as matérias que deixarem de compor o currículo obrigatório. Isso abre espaço para possíveis desigualdades da oferta de habilitações entre as diferentes escolas e redes.
Preocupa também a formação cultural e a saúde dos alunos, já que Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia só serão mantidas como disciplinas obrigatórias até o segundo semestre após a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Mudança na contratação de professores
Para dar aulas no atual ensino médio é indispensável possuir licenciatura plena como professor. Com as novidades para a educação pretendidas pelo governo, isso muda: quem possui notório saber em determinada área profissional passa a poder ensinar nas escolas.
Prós: Preencher a lacuna, hoje existente, de professores para atuar em alguns cursos profissionalizantes. Também possibilitar o ensino em áreas profissionais para as quais não existe licenciatura específica.
Contras: Risco de queda na qualidade dos profissionais técnicos formados por pessoas de notório saber, porém sem habilitação para ensinar. Outras preocupações acompanham essa alteração, a exemplo de quais serão as prerrogativas para alguém ser considerado “de notório saber”.
Ensino da Língua Inglesa
A atual legislação manda que as escolas ofereçam, a partir do 6º ano, aulas de um idioma estrangeiro, que compete à própria entidade educacional escolher qual será.
Com a reforma curricular de ensino, essa liberdade de escolha deixa de existir: o Inglês passa a ser a língua estrangeira obrigatória em todas as escolas do país.
Aqui, não há grandes perdas ou ganhos, considerando-se que a Língua Inglesa é adotada como segundo idioma a ser ensinado em grande parte das escolas brasileiras.
Como ficam os vestibulares e o Enem
Não é segredo para ninguém que as escolas voltam seus esforços à preparação dos estudantes para serem proficientes nas matérias que hoje compõem o currículo do ensino médio.
A conclusão disso é que os vestibulares e o Enem têm forte impacto sobre a orientação dessa etapa do ensino.
Nesse caso, a reformulação do ensino médio não agrega e nem prejudica: demanda adaptações. Tanto o Enem como os vestibulares terão de se adequar ao novo formato do ensino médio.
Já os alunos serão cobrados nos conhecimentos que integrarem a futura base comum curricular.
Despreparo de alunos e professores
Mais um ponto bastante polêmico desse movimento todo diz respeito ao despreparo de alunos e professores para o modelo educacional a ser implantado. Ambas as classes reclamam não terem sido consultadas para estabelecer o destino da qual serão as principais protagonistas.
Por um lado, os alunos estão incertos quanto à reforma curricular de ensino e como ela vai afetá-los. Em uma fase da vida marcada pela indecisão, muitos jovens se perguntam sobre estarem ou não prontos a eleger as áreas ideais a estudar.
Já os professores questionam o formato da reforma, o destino das disciplinas que deixarem de ser obrigatórias e até mesmo o papel da sua categoria no novo ensino médio, visto que ela passará a dividir o exercício da função com profissionais de outras áreas.
Desse modo, a reforma curricular de ensino segue provocando discussões, e dividindo opiniões. Por isso, queremos te convidar a deixar, aqui nos comentários, o seu ponto de vista sobre esse importante assunto!